Olhava para o teto.
Esperava que a lâmpada acesa pudesse causar alguma
inspiração.
Nada.
A gravadora o pressionava a lançar um novo single de sucesso
ou cancelariam o contrato. Isso significaria perder todas as suas regalias e
voltar a viver uma vida de homem comum.
Como poderia criar suas letras poéticas sob tanta pressão?
Tentou a janela, a bela vista da praia de Copacabana
costumava ajudá-lo a ter boas idéias.
Não estava sendo suficiente.
Ainda não estava pronto para se tornar um astro falido,
destruído por seu próprio brilho.
O jeito era apelar para algo mais forte, algo que realmente
liberasse suas veias cerebrais e permitisse criar algo totalmente novo.
Abriu a gaveta.
Lá estavam elas, suas passagens para o mundo mágico.
Dessa vez sua mente borbulhou de idéias. Borbulhou tanto que
ferveu.
Teve uma overdose.
Morreu, mas a gravadora ficou feliz. Seus Cds estavam
vendendo muito mais agora.
Vivo, um ídolo à beira do precipício. Morto, um ícone eterno
de sucesso e juventude.